segunda-feira, 5 de abril de 2021

Dica de leitura #2


        A dica de leitura hoje passa pela poesia leve e combativa que Angélica Freitas nos traz em sua publicação intitulada um útero é do tamanho de um punho (2017).

        Um livro curto e de leitura interessantíssima, possui 91 páginas e conta com uma formatação um tanto única. A autora divide seus poemas em algumas seções e uma sequência de poemas correlacionados, são elas: 

* uma mulher limpa
* uma mulher de
* a mulher é uma construção

        Essa primeiro bloco de poemas divididos em 3 partes, contam com um eu-lírico totalmente contaminado pela ironia e humor como ferramenta de combate, que são características de sua própria autora. Tais escritos, contaminados pela ironia das questões que envolvem a mulher na sociedade, nos traz reflexões sobre esse papel e desloca o/a leitor/a da sua zona de conforto, o fazendo pensar e repensar sobre qualquer que seja o assunto em volta da mulher, a questão é que, rasa ou profundamente, você irá pensar sobre a figura da mulher no mundo.

* um útero é do tamanho de um punho

        A seção que dar nome ao livro, nos traz a voz do eu-lírico reflexiva sobre o útero e suas dimensões, físicas ou não e ressignifica o órgão que por muitas vezes, faz com que mulheres do mundo inteiro sejam reduzidas ele, não como símbolo de vida e força, mas fragilidade e limitações. Em uma leitura mais atenta, essa é uma seção de grandes descobertas, desconstruções e construções. 

* 3 poemas com o auxílio do google
    a mulher vai
    a mulher pensa
    a mulher quer

        Neste bloco nos encontramos mais uma vez em um movimento de descolar-se da zona de conforto e estranhamento. A autora realmente pôs o início das frases supracitadas e continuou o poema com as aparições correspondentes no Google. Muito podemos refletir sobre essa atitude, não nos cabe refletir sobre o que Freitas quis ou não nos passar, nesse sentido, se olharmos pra nós mesmos/as enquanto leitores/as, podemos refletir sobre o efeito desses escritos em nós. O que nos traz de sentimentos e sentidos, mais uma vez somos transportados para as reflexões sobre a mulher e as suas idas, pensamentos e desejos. Quem é essa mulher e quem determina pra onde ela vai, o que pensa e o que quer? 

* argentinas
*o livro rosa do coração dos trouxas

        Freitas encerra o livro com duas seções com uma série de poemas cheios de uma angélica que poucos podem conhecer e um eu-lírico atravessado por suas vivências e experiências, permanecendo também com o seu humor e leveza, bem como com sua luta pela liberdade e autonomia dos corpos femininos, sejam eles abrigo de um útero ou não. 

        Por fim, acredito que essa é uma leitura que todos/as devem embarcar abertos/as para movimentar-se e ser, por vezes, nocauteado/a por suas reflexões, o que não exclui o seu caráter também acolhedor de suas poesias. No mais, a todos/as que eu puder indicar um útero é do tamanho de um punho, deixo minha indicação. 


Por hoje é só,
Pibeijos <3



        

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