domingo, 14 de março de 2021

Atividade - O encontro com o "outro"


Segue abaixo o trabalho que executei em dupla com o pibidiano Silvio Pereira (https://silvinopibid.blogspot.com/ ) sobre do filme Xingu.

Filme: Xingu 

Ano: 2011

Diretor: Cao Hamburger

Sinopse: No momento em que o Brasil busca evoluir e crescer geográfica e economicamente, o governo organiza uma expedição a terras inexploradas, para a construção de campos aviários e extração de riquezas. Os irmãos Villas-Bôas em busca de aventura partem com os trabalhadores, e acabam encontrando muito mais do que procuravam, embarcando em uma luta de gente grande, na proteção dos povos indígenas e demarcação de terras, criando o parque na nacional do Xingu.

Contexto: O filme conta a incrível história de Orlando Villas-Bôas e seus irmãos Cláudio e Leonardo, que comandaram entre 1943 e 1951 a expedição Roncador-Xingu. Desbravaram o centro Oeste brasileiro e deixaram como o principal legado o contato com os desconhecidos índios daquela Região. Trata-se da questão relativa da vida dos Índios, da criação do Parque Nacional de Xingu e do embate entre a cultura Indígena e a cultura Branca.

  • Cenas (marcação de tempo):

Cena 1: No minuto 2:54 os irmãos Villas-Bôas foram dar os seus nomes para fazerem parte da expedição. O homem que estava tomando as notas perguntou ao Cláudio o seu nome e a sua profissão, logo um dos responsáveis lhe deu a caneta para assinar o seu nome e ele por sua vez passou a mão na almofada de carimbo, Leonardo fez a mesma coisa. Essa questão de eles não saberem escrever causou estranhamento nos chefes ali, sobretudo o preconceito que a sociedade tem de que pessoa Branca não pode não saber escrever, também por eles saírem de uma grande cidade (São Paulo) gerou uma grande admiração por parte dos chefes, pois achavam que era impossível um branco não saber escrever.

Cena 2: Na cena do minuto 8:57, trata do momento em que os Brancos invadiram as propriedades dos Indígenas pensando que não havia dono. Em resposta à invasão, os índios tentaram atacá-los, assim,  acabaram por fazer disparos de armas de fogo fazendo com que os mesmos se dispersassem.

Cena 3: A cena 3 inicia-se no tempo de 11min59s do decorrer do filme. Trata-se do primeiro contato direto das duas culturas presentes. Os homens brancos saem pelo rio em dois barcos e dão de cara com vários indígenas, armados de arco e flecha, com pinturas corporais e vestimentas diferentes, todos em terra firme os olhando e prontos para se defenderem e defenderem os seus. O choque cultural é ainda maior agora, pois eles estão se vendo e analisando uns aos outros, alguns dos homens brancos ativam o gatilho, mas são impedidos de tentar qualquer coisa contra os habitantes daquela terra ainda desconhecida, eles decidem remar até um porto e permanecerem ali até se sentirem seguro para avançar e tentar contato mais direto.

Cena 4: É uma cena muito forte que mostra o encontro das duas culturas pela primeira vez, cada um tentando enxergar melhor o outro, tentando perceber a cultura do outro, pois as suas realidades eram muito diferentes. Mas, os brancos naquela vez ganharam coragem e foram direto ao encontro do povo indígena, foi ali que se iniciou a socialização entre essas duas culturas. Isso se deu a partir do minuto 14:26 do filme.

Cena 5: Essa cena se torna interessantíssima, pois é um primeiro contato de perto entre os dois povos, onde eles tentam estabelecer algum tipo de comunicação, inicia-se no tempo de 16min44s. Para que haja comunicação efetiva, ambos precisam recorrer a outras formas de comunicar-se além da fala, pois emitem línguas diferentes, então, falam por gestos apresentado-se e permitindo que os indígenas os toque, peguem suas ferramentas, pois a vulnerabilidade nesse contexto pôde ser traduzida em um sinal de paz, assim, a comunidade ali presente os acolhe e os leva até suas moradias.

Cena 6: Já no minuto 22:18, o filme acelera seu roteiro e mostra as duas culturas convivendo entre si com suas diferenças. Essa cena mostra o cacique da tribo e um dos chefes da expedição comunicando-se, cada um em sua língua, usando de gestos e símbolos para compreender um ao outro.

Cena 7: Algo interessantíssimo do filme é a sua narração, toda a sua história se dá através de uma espécie de diário de um dos personagens – o Cláudio. À luz de sua visão, ele interrompe algumas cenas para narrar o que acontecia ali. Nesse momento, no minuto 28 do filme, Cláudio após conviver tempos e tempos com aquele povo, altera sua visão e começa a discordar do Estado que considerava os povos indígenas como selvagens e diz “Para mim eles não eram selvagens, eu só estava diante de outra civilização, o encontro mudou nossas vidas para sempre.” É possível notar que o encontro de culturas totalmente diferentes causa impactos em ambas. Se permitir conhecer, demonstrando-se vulnerável e disponível para aprender e ensinar, é de uma coragem gigantesca e pode ocasionar inúmeras mudanças, inclusive em sua forma de enxergar o outro, o diferente, foi isso que aconteceu com os dois povos ali, um encontro que mudou para sempre suas vidas.

Cena 8: No minuto 34:12, temos novamente um primeiro contato direto, mas dessa vez com intermédio. Um homem branco apresentando ao cacique da tribo outro homem branco, é possível notar a maior facilidade agora em compreender e ser compreendido, já estabeleceram-se alguns sinais de comunicação e uma espécie também de confiança por ambas as partes culturais, é interessante observar o progresso.

Cena 9: O índio Caiabi que já tinha  sido exposto e estava adaptado à cultura branca, já se vestia como os brancos, foi procurar Cláudio. Quando se encontraram, Cláudio perguntou se ele estava sozinho, mas ele respondeu que não, depois chamou a sua família e os apresentou. Em seguida, ele informou que trabalhava para os Brancos, mas sofriam muito, pois seus patrões nem se quer ofertavam comida, além de ter matado oito dos seus filhos, ao ouvir isso, Cláudio, por sua vez, o ofereceu uma arma de fogo (pistola) para que pudesse se proteger e os acompanhou para as suas aldeias e quando chegaram lá tinha acontecido um massacre.0020

Cena 10: Essa cena mostra um dos irmãos Villas-Bôas com a caneta na mão, também estavam os livros ao lado que mostra de que durante todo esse percurso feito pelos três irmãos, tinha escrivão que estava anotando tudo o que estava acontecendo para que um dia essa história pudesse ser contada. (minuto 55:39 do filme).

Cena 11: Nesta cena o Cláudio está desenhando o mapa das fronteiras que teriam depois das estradas serem construídas para formar as áreas que iriam respeitar a privacidade dos índios, onde ele se lamentou da seguinte forma: “eles nunca tiveram fronteiras, mas agora fronteira é a melhorar coisa que podiam ter”, referindo-se ao povo indígena.

Cena 12: Essa cena mostra um traço muito forte onde cada um tentava enxergar melhor a cultura do outro, mas se percebia claramente a dominação da Cultura dos brancos sobre a indígena porque os indíos tinham receio de tocar em suas roupas, óculos e algumas peças, até algumas crianças já na aldeia estavam chorando porque tinham medo de Branco. (minuto 61:11)

Cena 13: No decorrer de uma hora e vinte minutos, após muitos acontecimentos violentos para com a cultura indígena, pois, embora os homens brancos que foram morar com eles, tenham os conhecido e desenvolvido um sentimento de compaixão e defesa, através da alteridade, o governo ainda os via como selvagens e queriam suas terras, em todo esse processo violento de tomada de território, alguns homens brancos unidos aos diversos povos indígenas travaram uma guerra na tentativa de não ficarem desolados. Na cena em questão, vemos dois personagem em tensão e em meio ao caos, no momento de desespero, o homem branco aponta a arma de fogo para um dos indígenas aliados, não na tentativa de o assassinar, mas para se fazer escutar e resolver o problema, é possível perceber o olhar de reprovação do indígena àquela atitude. A partir disso, podemos iniciar diversas reflexões, sendo uma delas sobre as diferenças culturais gritantes que sempre existirão, embora o homem branco da cena já estivesse inserido na cultura indígena e convivesse naquela civilização há mais de um ano, suas raízes ainda são suas raízes, o contato com outras culturas pode alterar diversas coisas e visões de mundo, mas não é capaz de reeducar completamente alguém que possui uma bagagem própria e individual, nesse momento do uso da violência como solução, vemos que as diferenças culturais hão de sempre estar em algum lugar.

Cena 14: A última cena do filme acontece sob a narração do diário de Cláudio e retrata o momento em que Orlando e ele entram em contato pela primeira vez com mais uma cultura indígena, ainda totalmente isolada, para realocá-los até o parque nacional do Xingu. Os olhares que permeiam esse encontro são muito profundos e carregam muita dor, pois, ao decorrer de todo o filme, podemos perceber como tal encontro (branco e índio) trouxe sofrimento para as culturas indígenas, pois, no contexto em que uma cultura sobressai a outra, há a criação de privilégios e desvantagens. Nesse sentido, o filme encerra-se com esta cena e com a narração: “Andar por terras que ninguém andou chegar a lugares que branco nenhum chegou, porque não há lugar em que branco não chegue. Chegar antes, sempre foi tudo que pudemos fazer.

  • Roteiro (parte verbal):

O roteiro perpassa principalmente pelas conjugações no presente e pretérito perfeito, uma linguagem rebuscada que denuncia a época do enredo (o Brasil dos anos 40), ao mesmo em tempo que há muito palavrão e linguagem coloquial. 

Durante toda a produção, nunca há uma colocação do “eu” ou “ele/a”, o plural é constantemente utilizado, é sempre “eles/as” ou “nós”, o que nos ajuda a identificar a demarcação evidente das culturas, há um “nós” bem delimitado – homens brancos e um “eles” bem evidente – todos e quaisquer povos indígenas, considerados selvagens, por serem diferentes.

É interessante também perceber a presença de mais de uma língua, pois o encontro com os povos indígenas faz com que os personagens precisem adaptar-se, pois não há uma tradução simultânea. Nesse sentido, é notório como a língua e o discurso proferido dizem sobre as relações socioculturais estabelecidas.

  • Parte sonora:

A trilha sonora do filme é composta por nove músicas, e agregam de forma demasiada quanto à ênfase nas emoções, seja medo, susto, esperança, tristeza, os sons da natureza e os rituais dos povos indígenas. Percebe-se que as melodias têm essa função de emocionar e enfeitar os momentos.

As músicas encontram-se disponíveis on-line, segue abaixo o link de uma playlist feita na plataforma de música SoundCloud com todas as faixas: 

https://soundcloud.com/betovillares/sets/xingu-o-filme


Por hoje é só!

Pibeijos,

Wanneska

 

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